Sou um contador de histórias e há quem goste de ouví-las!!
Mas sem pretensões científicas ou filosóficas, apenas dando uma boa viajada na maionese, pois é assim que nasce um bom papo...
Sem a intenção de reunir uma multidão, afinal, isso aqui é privilégio de poucos...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A proteção

   Sabe, quando os filhos crescem...ah se eu pudesse explicar.
   
   Meus filhos hoje são adolescentes que se maravilham e sofrem ao mesmo tempo as dores da maturidade que se aproxima. Crescer só dói mais que neles, quando dói em nós: pai e mãe que assistem as tentativas toscas de vôos iniciais, cheias de possibilidades desastrosas.
   Já a algum tempo venho sentindo espasmos de saudades do tempo em que os pegava cada um numa perna, aninhados em meu colo no sofá, e os protegia dos perigos do mundo; tempo em que diante de ameaças iminentes bastava tirá-los do mundo dando-lhes um bom banho no final da tarde, seguido de uma boa bananada de liquidificador servida com biscoitos. No aconchego do nosso cantinho feliz; que mesmo sendo muito humilde apresentava-se bem como o "melhor lugar da vida".
   Desde que comecei a sentir essas coisas que venho tentando resgatá-las: um passeio no shopping em família ou uma praia no fim de tarde...não consegui. Quem ia comigo, embora fossem eles meus filhos, já são outras pessoas. Ações e posturas que delimitam claramente a distância que estamos daquilo que sinto falta...
  
    Mas, do que é mesmo que sinto falta? 
   Sinto falta do tempo em que conseguia protegê-los de sofrer. Sofrer com amores desiludidos, amizades traídas, da dor produzida pelos rigores da vida que, querendo ou não, já os embala mais que meus braços.
   Saudades do tempo em que aninhava o Matheus em meu colo e fazia: "Tsi, tsi, tsi...tsi, tsi, tsi" dando levas tapinhas em seu bum-bum e facilmente o acalmava e fazia adormecer; tempo em que a Marília corria desesperada com qualquer coisa que logo perdia o poder de amedrontar, pois rapidamente agarrada a mim, do mundo podia até desdenhar...
   
Sei que protegê-los disso tudo seria tirar-lhes a vida, pois foi pra vencer isso tudo que eles vieram a vida. Mas como equacionar meu instinto com essa lógica brutal?

   Um dia desses cheguei bem perto de suprir minha falta: Eles trouxeram os colchões e dormiram em nosso quarto. Acordei de noite e os vi ali, seguros à nossa volta, ainda nossos filhotinhos tão carentes de nossos cuidados..

   Ah, meus filhos, como os amo...

   Ah, minha vida, ensina-me a falar-lhes numa linguagem que me compreendam...

   Ah, meu Deus querido, me pega em seu colo e me ensina, pois como eles, ainda não sei viver!!

   
   
   

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Matheus e Marilia evangelizando !!

Queridos, pensem em algo que realiza um pai...pois é.
No meu caso, é isso aí: O Matheus e a Marilia num ministério organizado por eles aqui em nossa igreja.
O MPC - Malucos por Cristo atua em terminais rodoviários e ônibus coletivos, fazendo apresentações artísticas com o objetivo de mostrar a alegria que eles tem em Cristo!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Post a A Vida

   Dar um título a uma postagem é a parte mais difícil do negócio.
   Escrever não, escrever é moleza! começo com uma frase. Seja ela qual for. Qualquer coisa que me vier a cabeça: Pronto! Daí por diante basta ter tempo para formar as palavras.
   Pode-se até começar falando sobre a dificuldade de se dar um título a uma postagem..Algo mais ou menos assim:
        "Dar um título a uma postagem é a parte mais difícil do negócio".
   Daí por diante escrevo a próxima frase que me vier à mente; e a próxima, e a próxima...
   Com um começo deste falaria facilmente sobre a vida que, a exemplo de uma postagem, tem tantos assuntos quantos se desejarem. Ficando apenas o título desta a ser escolhido.
   Qual o título da minha vida? Se ela me leva a todos os assuntos do universo posso entitulá-la como quiser. Se a minha vida me coloca em contato com múltiplas realidades então tenho espaço pra chamá-la do que eu bem entender.

    Ah! Minha vida...como chamá-la então?
    Será que "A Dolorida" seria um bom nome pra você?
   Quantas dores e dissabores experimentei?
    E quantos pesares ainda sofrerei?
    Ótimo nome este.
    Acho que assim te chamarei!

   Mas o quê? que barulho é esse? Este insistente riso que embora sem hora e juizo reclama por atenção?
   Alguém poderia discordar que desta vida somente lágrimas pude contar?

   Se pudesse juntar todos os momentos de gargalhadas por que passei,
   poderia eu suportar ao menos a lembrança hilária
   desta verdadeira comédia em que contracenei?
   Pois com tantas alegrias e risadas,
   ó vida minha, de "A Engraçada" te chamarei.

   Na solidão morreria se não insistissem companhias mil!
   Esses amigos que, sem motivo, coloriram meus dias,
   traçam outro forte candidato ao tema que se dá 
   a essa existência que precisa de um nome a qual se chamar:
   "A Amada", preciso falar, pois com tantos admiradores 
   Te desejando contemplar, teu nome é esse não há o que duvidar!

   Filhos à volta, amigos sem fim; amores intensos,
   Tudo isso vivi.
   Animais de estimação, atividades realizadoras,
   Viagens dentro e fora, loucuras e equilíbrios;
   Ações bem pautadas e muitos, muitos delírios!

   Ah, vida! como te rotular?
   Como te reduzir e de uma coisa só te chamar?
   Como me permitir reduzir tudo isso a tão pouco?

   Pois daqui à pouco, tudo pode se transformar
   e então serei levado a experiências que farão tudo revolucionar;
   todas as lógicas emergentes irão sucumbir a uma nova rota
   que logo a tudo fará submergir!

   Te quero somente vida. Somente e com tudo isso!
   P'reu te olhar e abismado declarar que mesmo diante do assombro que me causas,
   mesmo à mercê das incertezas que me prometes,
   te quero intensa e avassaladora!!  Viva e transformadora!!

   Até que eu possa um dia te contemplar e te achar parecida com uma postagem,
   uma simples postagem pronta pra no blog postar!!
   

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tá Reclamando de que?

 Reclamando do Lula? do Serra? da Dilma? do Arrruda? do Sarney? do Collor? Do Renan? do Palocci? do Delubio? Da Roseanne Sarney? Dos politicos distritais de Brasilia? do Jucá? do Kassab? dos mais 300 picaretas do Congresso? 

Brasileiro Reclama De Quê
O Brasileiro é assim: 
1. - 
Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.

2. - 
Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas.

3. - 
Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.

4. - 
Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura.

5. - 
Fala no celular enquanto dirige.

6. -
Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.

7. - 
Páraem filas duplas, triplas em frente às escolas.

8. - 
Viola a lei do silêncio.

9. - 
Dirige após consumir bebida alcoólica.

10. -
Furafilas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas
desculpas.

11. - 
Espalhamesas, churrasqueira nas calçadas.

12. - 
Pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao
trabalho.

13. - 
Faz 
gato de luz, de água e de tv a cabo.

14. -
Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado,
muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.

15. - 
Compra recibo para abater na declaração do imposto de
renda para pagar menos imposto.

16. -
Muda a cor da pele para ingressar na universidade através
do sistema de cotas.

17. -
 Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10
pede nota fiscal de 20.

18. - 
Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.

19. - 
Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.

20. - 
Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se
fosse pouco rodado.

21. - 
Compra produtos pirata com a plena consciência de que são
pirata.

22. - 
Substituio catalisador do carro por um que só tem a casca.

23. -
Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da
roleta do ônibus, sem pagar passagem.

24. 
- Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.

25. -
 Freqüenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.

26. - 
Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos como
clipes, envelopes, canetas, lápis.... como se isso não fosse roubo.

27. - 
Comercializaos vales-transporte e vales-refeição que
recebe das empresas onde trabalha.

28. - 
Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que
ainda não foi inventado.

29. - 
Quando voltado exterior, nunca diz a verdade quando o
fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem.

30. - 
Quando encontraalgum objeto perdido, na maioria das vezes
não devolve. 

 
31. - Dá Trocadinho pra ciranças e mendigos no sinal , incentivando ao não trabalho e a vida facil , e pensa que assim pode ficar com a 
conciencia tranquila de que esta fazendo um ato de solidariedade e ajudando os mais necessitados.

E quer que os políticos sejam honestos...

Escandaliza- se com a farra das passagens aéreas...

Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo ou não?
Brasileiro reclama de quê, afinal?

E é a mais pura verdade, isso que é o pior! Então sugiro adotarmos uma
mudança de comportamento, começando por nós mesmos, onde for necessário!
Vamos dar o bom exemplo! 
Espalhe essa idéia!

"Fala-se tanto da necessidade deixar um planeta melhor para os
nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores
(educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso
planeta, através dos nossos exemplos..." 

Amigos! 
É um dos e-mails mais verdadeiros que recebí! 
A mudança deve começar dentro de nós, nossas casas, nossos valores, nossas atitudes!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Relevância


A saúde do Movimento Evangélico
Ricardo Gondim
Na adolescência, abandonei o catolicismo e fui rebatizado na Igreja Presbiteriana de Fortaleza. Desde então, migrei por várias tendências do protestantismo, que no Brasil assumiu-se como Movimento Evangélico. Fui membro da Convenção Geral das Assembléias de Deus (CGADB). Cooperei com a Associação Evangélica Brasileira (AEVB). Já falei em incontáveis congressos e conferências. Meu código genético religioso, portanto, é bem definido pelo Movimento Evangélico.
Pastoreio uma igreja com diversas comunidades locais espalhadas pelo Brasil. Caminho ao lado de parceiros e parceiras que levam a sério a vocação ministerial.
Reconheço, porém, que vez por outra peso nas tintas ao criticar o Movimento Evangélico. Não o faço como um observador frio e distante. Eu não me condenei ao ostracismo espiritual. Nunca quis tornar-me profeta auto-referenciado, sem interlocutores. Lido com gente; falo para mais de 3 mil pessoas todos os domingos. E, por mais que tente evitar, sempre que escrevo deixo as minhas impressões digitais religiosas.
Ao criticar, entendo que necessito ser cuidadoso. Não posso portar-me como o fariseu que corava de raiva quando se quebrava o til ou a vírgula da lei, mas era insensível para o abuso de princípios éticos que carcomiam a sua própria alma.
Ao criticar o Movimento Evangélico, não posso passar ao largo da iniquidade que condena milhões de brasileiros a viverem abaixo da linha da miséria. Escolado em ambientes puritanos sei como é possível ver-se sugado para o debate moralista. Eu não teria dificuldade de discursar sobre rigor sexual e arrancar bons aplausos dos que veem promiscuidade até nos desenhos animados que divertem crianças nas manhãs de sábado.
Não é difícil agradar os auditórios religiosos. Basta uma pitada de perspicácia: diante de um auditório burguês é suficiente repetir algumas doutrinas ortodoxas e todos se sentem felizes.
Insisto em escrever e falar porque o imperativo cristão não me larga. Não consigo calar diante de temas fundamentais como: justiça, solidariedade, tolerância, honestidade. O Evangelho me constrange. Sinto-me convocado a engajar-me na defesa do indefeso, na inclusão do excluído e na busca de justiça para o injustiçado. Diante desse categórico, nascem perguntas que não posso fugir: Qual a força do sistema de alienar-me? Para que lado ir na encruzilhada da Avenida Conforto com a Rua Responsabilidade?
Acomodação ética não é desvio, mas deformação. Está deformada qualquer instituição, religiosa, política ou educacional, que seja ágil para denunciar o menos importante e lenta para detectar o essencial.
Uma geração periga quando diminuem os profetas (nestes tempos, não se conhece sequer a função de um profeta – secular ou religioso). A camisa de força da mesmice vem sufocando a criatividade. O patrulhamento do conservadorismo conspira contra a liberdade de pensar. Faltam profetas.
Carecemos de homens e mulheres que não tenham medo de denunciar com o dedo em riste: Esta geração está inebriada pela doutrina do sucesso e vai se afogar na ganância e na complacência.
Minha crítica ao Movimento Evangélico começou há alguns anos, quando vi líderes indignados com questões periféricas, mas silentes diante de atrocidades. Raras vozes se levantaram contra evangélicos norte-americanos que abençoaram uma guerra absurda. O Iraque foi invadido e destruído devido a uma mentira (Onde estavam as armas de destruição em massa?). Faz-se silêncio sobre a morte de centenas de milhares.
Noto o constrangimento de alguns conservadores que não gostam de serem considerados do mesmo naipe que Benny Hinn, Kenneth Hagin, Edir Macedo ou Valdemiro Santiago. Mas eles se sentem orgulhosos de confessar a mesma doutrina que Franklin Graham, Pat Robertson, John McArthur, Chuck Colson e Max Lucado. Talvez considerem esses senhores dignos porque repetem a "doutrina verdadeira" e são de um país riquíssimo.
Por mais que seja difícil sentar ao lado de neopentecostais ávidos por lucro, acredito ser exponencialmente pior participar da roda de quem, sob o manto do conservadorismo teológico, sustenta a agenda de direita belicosa dos Estados Unidos. George W. Bush se aposentou mas a sua cartilha ainda continua a valer entre os evangélicos: lutar contra o aborto e contra os homossexuais, mas defender a pena de morte e apoiar a National Rifle Association.
Mas adesismo não destoa dentro do Movimento Evangélico. Quando os militares dominaram a política brasileira, havia um acordo tácito entre pastores e ditadores. Os ditadores deixavam os pastores pregarem e conduzirem campanhas evangelísticas e os pastores faziam vista grossa para a tortura.
Não é possível varrer para debaixo do tapete da piedade que o Movimento Evangélico brasileiro se esmera no irrelevante. Igrejas se multiplicam nas redondezas urbanas, mas não têm agenda contra preconceito racial ou de gênero. Impressionam as estatísticas sobre os avanços dos evangélicos; resta perguntar se alteram a sorte de milhões de crianças que vivem em ruas fétidas e estudam em escolas sucateadas.
Lamentavelmente, enquanto os evangélicos se reúnem em conferências para discutir e defender sua identidade, o Brasil permanece na lista dos mais injustos do planeta.
Mesmo decepcionado e muitas vezes desestimulado, continuo escrevendo, pregando e trabalhando. Sei que uma nova geração se levanta; acredito que milhões de rapazes e moças desejam ser leais ao Evangelho e anseiam por novos ventos.
Também não jogo a toalha porque acredito que se nos calarmos as pedras clamarão.

Soli Deo Gloria
8-09-10

sábado, 17 de julho de 2010

Aquilo que liga as nossas vidas

    No domingo estive num funeral.
   
     A vida de pastor me dá a oportunidade de participar da vida das pessoas em suas mais diferentes situações. Da festa ao desespero, pastores participam de tudo.
    O problema é que nunca consegui enxergar isso como profissão. Enquanto vejo muitos ministros religiosos desempenhando seus papéis numa cerimônia fúnebre e indo embora, sempre me pego envolvido na dor daqueles enlutados a ponto de acompanhá-los, independente de meu nível de intimidade com a família, até o fim.
    
     E domingo não foi diferente.

      O corpo daquele homem que viveu mais de 90 anos jazia no centro das atenções; pensei quantas vezes aquele homem forte havia sido o centro das atenções. Esta era a última.
      
     Quem eu estava velando?
    
     Inúmeros filhos, netos e bisnetos, além de amigos da família e outros parentes compunham o cenário que não seria tão dolorido não fosse a presença da viúva. Chorosa, velhinha de óculos escuros, óculos que não conseguiam esconder seu desespero. Um desespero que não era consonante com a idade de quem partiu, não era consonante com o sofrimento que antecedeu a partida.
     Mesmo nos parentes mais próximos vía-se um ar de corformação que era embalado pela lembrança do sofrimento dele durante os últimos meses...
     Mas ela não. Aquele era seu companheiro de uma longa caminhada que agora, sem maiores avisos, fica à beira do caminho. Ah! Quantas conversas, aventuras, problemas solucionados...quantas histórias! Ela não se conforma...

   Eu velava aquela mulher.

   Por quem eu estava chorando?

   Eu chorava por mim... Mas não somente por mim, eu chorava por meus filhos que um dia me verão partir e sofrerão com isso. Eu chorava por minha companheira nesta vida que um dia continuará sua caminhada sem minha companhia... Eu os via nos rostos daquelas pessoas que eu mal conhecia, mas que em muito me identificava.

    ...de repente aquela mulher tira os óculos escuros como quem deseja ser vista com toda sua expressão facial pela última vez, olha pro seu amigo, cúmplice, amante e irmão pela última vez antes que fechassem o caixão e faz um gesto que desmorona toda certeza que se tinha de se estar perto de entender o que ela sentia: Um aceno com as mãos, um adeus! Mas não um aceno como qualquer outro visto na televisão! Não um aceno convencional transmitido pela cultura! Não. Aquele era um sinal entre eles! Eu vi! Ela tinha certeza de que ele entenderia toda a comunicação daquele gesto que por milhares de vezes havia sido um código entre eles!
     Não havia uma preocupação se outros estavam vendo. Ela se despedia...numa última atitude íntima...

     Renove-se em nós esse amor! Não utilitário, não interesseiro, não descartável...

    Renove-se em mim este sentimento por todos que estão a minha volta para que no momento incalculado da partida, tenhamos também códigos secretos de comunicação entre nós que transcendam a própria vida !!


     

   

terça-feira, 29 de junho de 2010

Amigos !!


     Aqui em casa temos vivido um novo tempo.
     Não um tempo de alegrias ou de tristezas, mas um novo tempo...
     Não um tempo de abastança ou escassez, mas um novo tempo...
     Não um tempo de novidades ou monotonias, mas um novo tempo...
    
     Talvez a grande diferença sejam os amigos que agora, depois dos 40 anos, me fazem perceber mais nitidamente, o quanto são importantes...além das coisas, além das posses, além das alegrias fúteis, muito além.

     Esta foto exprime bem, e representa também: Tudo que quero dizer...Não só aos amigos da foto, mas também a todos os que não tive a oportunidade de fotografar, mas que estão impressos em alto-relevo em meu coração!!

Obrigado , eu os amo !!
    

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Copiei do site de uma portuguesa de 77 anos - http://asebenta.blogspot.com

Conto de Junho


Memória de Elefante

Eram várias as recordações que tinha das colegas de escola, principalmente dos últimos anos.
Havia a Olívia, que morava na rua Fernão de Tomás, bem perto daquela loja que vendia os casacos de peles mais cobiçados dos seus quatorze anos.
A Odete que alimentava os gatos vádios do seu quarto andar com latas de comida e água, morava na Rua da Madeira, no Porto, claro.
A Natália e a Cândida, irmãs ricas, viviam numa vivenda na parte chique da cidade, e os lanches eram qualquer coisa que ela não podia ter na sua humilde casa de um só piso, nas traseiras da loja onde a mãe tentava equilibrar as finanças de divorciada.
Mas aquela que ela nunca esquecera fora a Leonor, que morava lá no alto da Rua Stº Ildefonso, num quarto andar de escadas a ranger a cada passada, onde ia fazer os deveres de casa quando a matéria era de difícil explicação.
Ao descer, sempre mas sempre, Leonor a empurrava cada degrau de escada, com risco de a fazer cair perigosamente. Conseguia ser rápida de modo que nunca houvera perigo de maior, mas a sensação permanecera e nunca esquecera aquela iminência de perigo, ao ponto de ainda hoje, passados cinquenta anos, de vez em quando, sonhar com qualquer coisa de semelhante como a vertigem de uma escada a ser galgada de quatro em quatro.
Estivera internada com uma depressão ou esgotamento, não sabia ao certo, resolvera voltar ao Porto para encontrar um motivo para continuar, para se encontrar entre o presente e o passado.
Aproveitou as festas de S. João, em visita a familiares e amigos, apreciando cada cheiro, cada esquina, recordando os velhos cantos, admirando cada melhoramento, lamentando as degradações de uma face da cidade que já fora bela, onde brincara “à macaca” na sua meninice, a escola primária, o jardim onde ia nas tardes de verão…
Certa tarde a caminho do jardim de 24 de Agosto, ao passar pela Rua Stº Ildefonso, quem vê com espanto a sair de uma casa que lhe parecia familiar? A Leonor!
Ficam indecisas, olhando-se mutuamente, hesitando em acreditar…e acabam por, olhando melhor, se cumprimentar, reconhecidas pela juventude já perdida nas rugas de cada uma.
O barulho da rua apagou as palavras e o grito de Leonor, no preciso momento em que passava um autocarro e um braço imitou um gesto de infância, tornado trauma, e a empurrou com um mudo brado libertador.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A Vida e a Manga - Rubem Alves

O velho caipira, com cara de amigo, que encontrei num Banco, estava esperando para ser atendido. Ele ia abrir uma conta.
Começo de um novo ano... Novas perspectivas...
E como não podia deixar de ser, também começou ali um daqueles papos de fila de banco. Contas, décimo terceiro que desapareceu, problemas do Brasil, tsunami...
Será que vai chover?
Mas em determinado momento a conversa tomou um rumo:
"- Qual é então o maior problema do Brasil para ser resolvido?
"E aí o representante rural, nosso querido "Mazaropi da modernidade"
falou com um tom sério demais para aquele dia:
" - O Maior Pro blema do Brasil é que sobra muita manga!"
Tentei entender a teoria...Fez-se um silêncio e ele continuou:
" - O senhor já viu como sobra manga hoje debaixo das árvores? Já percebeu como se desperdiça manga?"
"Sim... Creio que todos já percebemos isto... Onde tem pé de manga, tem sobrado manga...
E aí ele continuou:
" - Num país onde mendigo passa fome ao lado de um pé de manga... Isso é um absurdo! Num país que sobra manga tem pouca criança.
Se tiver pouca criança as casas são vazias...
Ou as crianças que tem já foram educadas para acreditar que só "ice cream" e jujuba são sobremesas gostosas.

Boa é criança que come manga e deixa escorrer o caldo na roupa... É sinal que a mãe vai lavar, vai dar bronca, vai se preocupar com o filho.
Se for filho tem pai...
Se tiver pai e manga de sobremesa é por que a família é pobre... Se for pobre, o pai tem que ser trabalhador...
Se for trabalhador tem que ser honesto... Se for honesto, sabe conversar...
Se souber conversar, os filhos vão compreender que refeição feliz tem manga que é comida de criança pobre e que brinca e sobe em árvore...
Se subir em árvore, é por que tem passarinho que canta e espaço para a árvore crescer e para fazer sombra...
Se tiver sombra tem um banco de madeira para o pai chegar do trabalho e descansar...
Quem descansa no banco, depois do trabalho, embaixo da árvore, na, sombra, comendo manga é por que toca viola...
E com certeza tá com o pé na grama... Quem pisa no chão e toca música tem casa feliz... Quem é feliz e canta com o violeiro, sabe orar...
Quem sabe orar sabe amar...
Quem ama, se dedica... Quem se dedica, ama, ora, canta e come manga, tem coração simples... Quem tem coração assim, louva a Deus.
Quem louva a Deus, não tem medo... Nada faltará porque tem fé.. Se tiver fé em Deus, vê na manga a providência divina.. .
Come a manga, faz doce, faz suco e não deixa a manga sobrar... Se não sobra manga, tá todo mundo ocupado, de barriga cheia e feliz.
Quem tá feliz.... não reclama da vida em fila do banco... "
Daí fez-se um silêncio...

Rubem Alves

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dependência Química

O acesso a informação é crescente.
Hoje, mais do que nunca se tem acesso à informação sobre quaisquer assuntos que se tenha interesse.

A destruição que se tem estabelecido pelo uso de drogas, lícitas ou ilícitas é catastrófica.
Todos sabem que o cigarro, por exemplo, tem causado grandes males. Câncer no pulmão, na garganta, estômago ou cordas vocais. Problemas nos dentes e na boca; sem citar os incômodos sociais. Mau cheiro nas roupas, mau hálito, e até riscos de incêndios. Leis Municipais, estaduais e federais superam-se constantemente na regulação, controle e repressão ao hábito do tabagismo.
Mesmo assim, diariamente milhares de pessoas inauguram em suas vidas esta prática insegura e incerta.
A maioria dos fumantes começou a fumar na adolescência. E é exatamente na idade do beijo que, moças e rapazes embarcam na arapuca do cigarro. Isso mesmo. Idade do beijo. Na idade da paixão e do namoro, das primeiras aventuras amorosas. Um paradoxo.

Existe todo um glamour em torno da bebida alcoólica. Muitos comerciais são direcionados aos jovens, maquiando a apresentação e transformando-a num ícone de felicidade. O cruel é saber que anos depois o usuário bebedor compulsivo irá desenvolver uma dependência tão acirrada que se lhe faltar bebida por um dia se desencadearão diversos efeitos chamados de síndrome de abstinência. Entre os sintomas há a alucinação.
Certa ocasião em um centro de recuperação de alcoólatras tive uma experiência marcante. Na companhia de um jovem em tratamento, passeávamos num pátio onde, de súbito, este me interrompe com um grito de alerta, para que eu tomasse cuidado com uma suposta cerca que estaria bem à minha frente. Ele a via; Só ele. Foi triste ver um homem novo naquele estado.

Derivados da cocaína têm conseqüências devastadoras no sistema nervoso, acumulando durante seu uso muitas reações, que o cérebro desencadeia total e desordenadamente depois de passado o efeito. Estímulos emocionais que ficaram represados se transformam em anomalias nervosas quando abertas as comportas que os continham. Como resultado temos anormalidades sexuais, síndrome do pânico, delírio perceptório ( que é a sensação contínua de se estar sendo perseguido), etc.

Faltará-nos tempo pra falar da maconha que destrói neurônios que, aliás, não se recompõem, ao ponto de não ser mais possível tramitar entre dois assuntos sem dizer: Ãh?

Então por que será que todos os finais de semana, milhares e milhares de jovens começam a usar uma destas substâncias?

Qual o motivo pelo qual a geração do conhecimento abre mão de toda a informação que se tem a respeito dos malefícios das drogas para se enveredar por este caminho sinuoso que extinguirá toda competitividade profissional; destruirá sua vida familiar; eliminará sua carreira estudantil, causando-lhe tantos distúrbios em diversas áreas?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A vida só faz sentido se vivida com outras pessoas.

O homem e a mulher são seres relacionais. Nada poderá mudar isso.
Uma das maiores causas das atuais enfermidades sociais e, por que não dizer até físicas, é a falta de relacionamentos saudáveis.
O amor é a única forma de lubrificar as relações, sejam elas quais forem.
O amor não é um sentimento, mas uma atitude. Algo que se faz. Não fique pensando se ama ou não ama, aja como se amasse. Aprendi este segredo ainda jovem e, posso sentir os benefícios que isso acrescentou à minha vida até hoje.
As coisas boas da vida só fazem sentido pelas pessoas com quem as vivenciamos. Mesmo em esportes solitários ou investidas-solo em aventuras tantas, só haverá sentido se depois houver o compartilhamento, mesmo depois de todas as emoções sentidas. Todo alpinista escreve um livro no final da vida.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Um pequeno raciocínio sobre a juventude


Sempre gostei de falar aos jovens.
Gosto da sinceridade que há nos olhos de uma platéia predominantemente adolescente. Se você não os encanta? Esquece. Acabou a atenção, o interesse e a paciência. Eles logo começam a conversar, brincar e até, não raro, debochar de você.
Talvez seja por isso que muitos colegas palestrantes têm verdadeiro horror a esse tipo de público. Pois se trata de um novo desafio a cada oportunidade; não há histórico de boas reflexões no passado que segure uma atuação medíocre. Se você bobear, eles te detonam.
Acho que quando chega o fim da infância, começa o tempo das provas, dos testes. O que é que realmente ficou desta formação que se fez neste indivíduo? O que é que se ensinou realmente em termos de princípios? O que ficou?
E o mais assustador: eles é que escolhem o quê, de tudo aquilo que se ofereceu, que vai continuar como característica consciente e principal na sua atuação como gente dali pra frente. É quase como uma onipotência. Pode-se tudo.
O ponto central disso tudo é que eles precisam ser contestados. Precisam ser afrontados. Pois só se sentirão seguros se houver alguém que tenha crédito o suficiente com eles para argumentar poderosamente a ponto de dissuadí-los. Mas a batalha é renhida. O confronto é inevitável.
Conheço a história de um jovem tão rebelde que morava sozinho e fugiu de casa. (risos)
Eles precisam da confirmação. E ela só virá depois que se fizerem as provas dos noves.
Mas na realidade, eles precisam de orientação neste test-drive da vida.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pedra Viva

Mas pedra não tem vida... Não tem respiração, nem crescimento, nem pulsação; pedra não tem movimento... Pedra é pedra e ponto: conceito formado, testado e aprovado. Mas...
Árvore tem vida. Agente não a vê crescendo, assim, na nossa frente... Mas que tem vida tem; pois depois de um tempo voltamos a vê-la e ela já não está como a deixamos: cresceu, envergou, ramificou. Mudou.
Na frente da gente não. Mas é só agente sair um pouco que ela já nasce, ou cresce ou envelhece...
Sabe o que é? É que tempo de árvore é diferente de tempo de gente; outro ritmo, outra velocidade. Por que gente que é gente tem que sair correndo, sem raízes, sem tempo...
Gente que é gente voa com a vida, ou o tempo de sua vida até que sem guarida, deixa de ser gente.
E cada vez mais gente não é gente, Perdendo cada vez mais sua gentilidade. Gentilidade? Quer dizer que gente que é gente tem que ser gentil? Ah sim! Gente com bastante gentilidade é gentil!
Legal! Não sabia do parentesco das palavras.

Outro dia vi umas formigas diante de uma imensa árvore dizendo: Árvore não tem vida! E elas se explicavam: Árvore não cresce, árvore não tem movimento. Árvore é árvore, ora.

Quando escutei essa conversa achei engraçado, mas logo percebi:
Tempo de formiga é diferente de tempo de árvore... Pois antes que a árvore mude, o tempo da formiga já acabou – Ela não viu – Por isso achou que árvore era que nem pedra. Opa!? Pensei numa coisa maluca: E se a pedra for pra mim o mesmo que a árvore é pra formiga??
Quando vejo a formiga em sua louca empreitada se preparando pro inverno...
Será que ela é assim por que só tem um verão e um inverno? Coitada. Eu tenho muitos invernos e muitos verões.

Talvez seja por isso que o pai formiga não para pra ver o pôr-do-sol ou ver o filho formiguinha crescer ou ver a flor se abrir. Mas, e eu?
Por que não paro?
Por que é cada vez vejo menos as coisas?
Parece que eu to meio formiga...
Gente com tempo de gente vivendo como se tivesse tempo de formiga. Há! Há! Há! Que engraçado! Mas eu não largo essa folha por nada...
Tenho que ir. Tenho que vir...
...
Ei! E a pedra?

Pois é. Quem disse que pedra não tem movimento?
E se for o caso do tempo dela ser tão diferente do meu que quando ela mudar eu já era?
Vai ver que é por isso...
Acho que estou muito formiga pro meu gosto... Mas é melhor ser formiga que ser pedra. Porque tem gente que ta virando pedra. Pois é: Você vai e vem, entra e sai, leva folha, volta e ele está lá: Todo pedra. Ta louco!
Tem medo de fazer, medo de casar, medo de tentar... Só quer esperar...

Olha. Resolvi:
Não quero mais ser formiga nem pedra, nem árvore.
Quero ser gente.

E gente com tempo de gente.

Gente com tempo pra ser gentil!
Quero minha gentilidade de volta. Recolherei seus cacos onde quer que estejam: No raiar do dia, no pôr-do-sol, no abrir das flores, no uivar dos ventos e no farfalhar das folhas.
Em todos os lugares buscarei:
No canto dos pássaros, no sorriso das pessoas. Até das feias e chatas (as formigonas...).

Buscarei minha gentilidade. Farejarei e então perceberei que em todos esses lugares em que procurei, achei pistas que me conduziram ao nascedouro da doçura, a fonte do amor, a essência de todas as coisas.
Jesus, o filho de Deus!

Olho ao meu redor. Porque raios comecei a pensar nisso?
Não vejo nenhuma pedra.
Acho que já foram todas embora...

E depois dizem que a cigarra que é doida.